Somos uma escola da aldeia que por razões de natalidade e outras razões como as politicas economicistas do ME a vão esvaziando até à sua extinção ao sabor dos seus joguinhos de poder.
O certo é que a escola, mais tarde agrupamento e agora ex-agrupamento vai para 25 anos e muitos dos docentes e não docentes que estão ainda no ativo da escola tem no seu percurso de trabalho 1 e 2 dezenas de anos neste estabelecimento. São pessoas que trabalharam, viveram e conviveram sempre juntos, partilharam muitas alegrias e algumas tristezas também, mas prezam-se por ser amigas, com o devido respeito uns pelos outros e até sentem como seus os infortúnios dos outros. É uma camaradagem que se foi cimentando ao longo dos anos e que atualmente, aos poucos, se vai acabando pelos motivos atrás invocados.
Vem isto a propósito de 3 destes professores, colegas e amigos, 1 com 59 anos, outro com 56 e outro com 55 anos, 2 deles sem componente letiva, terem ido ao almoço a um restaurante da região, porque valha-nos deus almoçar na escola tendo como bebida água, ouvir todo aquele barulho dos alunos, estar na fila não compensa o desgaste que é pela diferença de 1€.
Estavam os três colegas a conversar e a recordar os tempos em que vinham muitos professores almoçar e a alegria que era ouvir os contos de cada um.
Como as coisas mudaram! Agora são 3 a ir ao restaurante, alguns poucos trazem marmita e almoçam na sala dos professores porque os tempos já não dão para mais e os 3 que vão de vez em quando ao restaurante, também para desanuviar, em amena conversa até porque estas conversas vão sempre aos tempos em que almoçavam naquele restaurante muitos professores e, quando, bruscamente parou-se a conversa porque alguém disse que para o ano se calhar nenhum dos 3 também iria aquele restaurante.
É verdade, esta profissão de professor é mesmo uma profissão em extinção. Quando concorremos julgávamos que só sairíamos daqui quando nos reformássemos. As nossas preocupações eram só a de sermos bons profissionais e orgulho do que fazíamos. Pois bem, chegou-se a esta idade, muito novos para a reforma e muito velhos para outro emprego e não se sabe o que nos espera. 59, 56 e 55 anos, professores com largos anos de experiência que chegam quase ao fim da carreira e estão na iminência de ficar sem trabalho. Que é que se espera estando 2 sem componente letiva?
Acabam-se as escolas e mandam-se os professores para o desemprego, não só por haver menos alunos mas porque assim os políticos o querem. Estão acabar com a escola pública!.
Os tempos mudaram à feição dos nossos políticos. Foram eles que quiseram um Portugal pobrezinho com gente triste e sem esperança.