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A bisbilhotada desta semana não vai para acontecimento algum marcante na vida dos portugueses e foram tantos mas sim, vai servir como um alerta, no regresso às aulas nesta primeira semana do ano 2016 com novo enquadramento politico na assembleia da republica e a nova esperança de que as coisas vão mudar.
Para mudar não faltam motivos, basta pegar numa ideia/filosofia de escola de há dez anos e compará-la com a actual.
Não é ser saudosista do passado mas ser apoiante do estado actual da educação é ser masoquista e isso, felizmente, são muitos que não o são.
Quem diria que a escola tanto mudou nesta década e apoiada por uma sociedade tão empertigada com a luta entre classes profissionais que os governantes promoveram para dividir. Foi assim que ignoraram ou aceitaram como bem-vinda a desqualificação da escola e principalmente a dos seus atores educativos.
Quando se estava a desqualificar os professores, funcionários e outros recursos da escola, estava-se a atingir o coração da escola que são os alunos nos seus meios qualitativos para atingir certos fins educativos.
Os exemplos que nesta década se tornaram realidade foram a de mudança dos alunos das escolas de bairro para as grandes escolas, escolas mesmo muito grandes, os mega - agrupamentos, com muitos milhares de alunos, que podem ir dos 3 aos 18 anos, foi dos mais badalados.
Atrás desta filosofia de escola, dos mega – agrupamentos, que para muitos alunos são um autêntico monstro, onde todos cabem como se de fato único se tratasse, é desmotivadora e assustadora, vieram também as turmas maiores, com mais de 30 alunos e podendo mesmo assim integrar alunos nee, revelando uma falta de respeito também para com estes alunos que precisam de apoios individualizados.
Muitos detratores da escola pública ainda afirmaram que as aprendizagens dos alunos são mais completas com turmas grandes, ou que é a mesma coisa, mas não é o que dizem os professores, porque são muitos os alunos e até bons alunos que precisam ser apoiados em certas alturas, aquele empurrãozinho que lhes faz abrir as portas e se não o levarem ficam para trás.
Com o mesmo professor os registos de sucesso são mais favoráveis em turmas de 20 alunos do que em turmas de 30 alunos.
Com esta filosofia de escola, abusou-se de que com menos se podia fazer igual ou mais, o resultado está na falta de funcionários que as escolas revelam e a insegurança nos recreios dos alunos assim como em várias outras valências, como sejam as reprografias, bares, bibliotecas, PBX e outros mais, que deixaram de estar abertos a toda a hora para poderem servir os alunos e professores.
A escola como local de trabalho é hoje um local frio, solitário e sem gosto. As salas de convivio, locais onde outrora se dialogava sobre os alunos, são hoje refeitórios onde cada um traz a sua marmita e a desembucha ali.
A falta de professores é também notória para poder cobrir todas as necessidades dos alunos nos diversos tipos de apoio, salas de estudo ou clubes.
Como a escola pública é para todos, desde os mais necessitados até aqueles que têm posses, a escola até há bem pouco tempo fornecia aos alunos carenciados a maioria dos materiais para poderem trabalhar, agora as escolas deixaram de ter estas verbas, são os alunos a pagar tudo o que precisam, principalmente nas disciplinas práticas, embora ainda existam pequenos apoios para alunos muito carenciados a certas disciplinas teóricas, só para alguns livros, ficando muitas outras sem apoio.
A agravar a situação de escola e para desestabilizar a vida dos professores temos ainda a acrescentar que ao local de trabalho do professor os tais mega – agrupamentos, existem escolas dentro do mega – agrupamento que distam muitos Km entre elas e os professores deslocam-se sem qualquer apoio. Estes tempos de deslocação no mesmo dia entre escolas nem contado como tempo de aulas é, o que leva a um acréscimo de horas num horário normal. No mesmo dia o professor pode-se deslocar várias vezes entre as escolas do agrupamento.
A escola precisa de paz, precisa repensar a sua missão.
Escolas sem meios não favorecem a qualidade, falta de recursos materiais e falta de recursos humanos (assistentes operacionais) são uma constante que é preciso inverter, para isso é preciso apoiar mais a educação e não olhá-la como sendo um gasto mas sim como um investimento.
É obrigação de todos olhar para a escola como uma prioridade, sabendo-se que são os jovens o futuro de qualquer país.
Fica a esperança e acredita-se.
Bisbilhotada semanal