Por norma não sou muito crédulo nos estudos e inquéritos que se fazem e muito menos quando são encomendados, porque distorcem o cerne da questão em prol de quem o encomenda ou da forma como se realiza.
Aquele inquérito do blog “com regras” que na votação realizada ditou que a maioria dos professores prefere que seja o ministério a escolhê-los do que as escolas nos concursos, não é despropositada, e é a perceção que os professores têm sobre as escolas e nomeadamente, sobre os diretores. Nem mais, a ideia das escolas escolherem quem querem é o que passa pela cabeça dos professores e não sendo todo descabida porque a cultura democrática dos que escolhem é ainda deficitária ou duvidosa, também não pode ser generalizada, porque algumas escolas ainda têm uma cultura democrática enraizada e tudo o que se faz é dentro da lei e do respeito pelas normas democráticas.
Isto para falar numa situação que tem decorrido numa escola que tem feito o concurso para técnicos de há uns dias para cá, e hoje, depois de analisados e pontuados os portefólios e a experiência curricular numa grelha para o efeito, foram chamados os 5 primeiros para as entrevistas como mandam as normas.
Como se sabe nestes concursos, mesmo que os professores/técnicos tenham feito um trabalho exemplar nas escolas com os alunos, os horários vão sempre todos os anos para concurso. Logicamente os professores que deram aulas concorrem novamente e se já tinham sido escolhidos no ano transato, este ano, pela lógica, serão os mesmos a ficar nos primeiros lugares.
Acontece que como é dito no aviso de abertura os cinco primeiros serão entrevistados, por um júri de professores escolhido para o efeito, criando a ilusão a quem foi selecionado para a entrevista, de poder vir a ser escolhido. Todos têm as mesmas oportunidades, mas deixemo-nos de parvoíces, porque a entrevista não vai mudar nada, principalmente aos lugares cimeiros ou seja a quem já lá esteve.
Custa ao júri telefonar aos colegas e dizer-lhes que foram selecionados para a entrevista dando-lhes esperança de poder ficar. São muitos os que vêm de longe mas depois da entrevista caem na realidade. Os elementos do júri e particularmente quem telefona sente que está a enganar o/a colega dando-lhe as tais esperanças ao dizer-lhe que foi selecionado para a entrevista.
Hoje foi particularmente doloroso com uma colega de longe, que muito desanimada de várias entrevistas já feitas, a dizer que morre sempre na praia. Diz ela, se há uma vaga de um horário ela fica em segundo lugar ou se existem dois horários a concurso ela fica em terceiro, morre na praia como ela diz, porque quem está à frente dela, normalmente, são colegas que concorrem, porque têm que concorrer, mas já estiveram nessa escola. Assim, tem sido doloroso para o júri nos vários concursos, mas hoje, repito, foi particularmente doloroso.
Aqui é que o ministério devia fazer o concurso e a seleção dos candidatos ou deixar as escolas reconduzirem estes técnicos se acharam terem feito um trabalho com mérito. Aí sim, os concursos existiriam para todos terem as mesmas oportunidades. Nada destas fantochadas.
Bisbilhotada do dia