Faz 41 anos
Faz hoje 41 anos que dei início à carreira de professor em Angola (descrição aqui) como professor cooperante ao abrigo dum acordo entre Portugal e Angola.
Hoje continuo como professor mas não com a mesma convicção da altura porque a profissão de professor sempre em constante mudança, das reformas introduzidas, com termos que se atropelam como sejam: objetivos gerais, objetivos especificos, metas curriculares, aprendizagens essenciais, perfis de saída da escolaridade origatória dos alunos, flexibilidades curriculares, trabalhos de projeto, Dacs, etc.. e toda a tralha dos decretos leis que abundam e se entroncam uns nos outros para confundir ainda mais, não deixam saudades a ninguém!
Tempos idos era uma classe profissional que era ouvida e respeitada mas, há uma década para cá, os nossos governantes a excederem-se com excesso de legislação sobre a educação, a classe profissional (professor) perdeu autoridade e até o respeito.
As mudanças das reformas introduzidas na educação deram pouco sentido ao “ensinar” e o professor passou a ser visto mais como um cuidador de alunos / crianças. Dizem que os alunos aprendem com as novas tecnologias e o professor tal como era, acabou. Basta refletir na IA (Inteligência Artificial) para saber que segundo alguns estudos, muito brevemente isso acontecerá. Assim, os pais/encarregados de educação, a comunidade educativa, o meio onde a escola está inserida (município), também pressionam o sistema educativo nos curriculos e o que se ensina nada tem a ver com o que realmente devia ser ensinado.
O professor passou a ser um dos elos mais fracos da comunidade educativa. Pais, Associações, Municípios todos têm uma palavra a dizer sobre a escola. Quem parece estar a ficar fora das decisões sobre esta são os professores. São mudanças que podem não ser acompanhadas por uma classe já idosa que urge ser renovada.
Com 41 anos de serviço também está na altura de deixar para os mais novos estas mudanças porque para a maioria da classe, eu incluido, custam a aceitar.
Com 63 e tal anos de idade e 41 de serviço, querem tirar cerca de 30% por antecipação da aposentação. Para quem não sabe são 14,7% do fator de sustentabilidade (ridículo) mais 6º por cada ano que falta até aos 66,7 que é a idade legal para a reforma.
Para ser justo em qualquer profissão quem tenha 40 anos de serviço não devia ser penalizado com o fator de sustentabilidade. Ou será que é só na educação?
Como disse bem recentemente uma aluna minha depois de saber a minha idade "Ó professor é mais velho que o meu avô". Por este andar nem de muletas nos livramos...
Mas se é assim que querem vai ser como diz o ditado “Quem comeu a carne também vai ter que comer os ossos”,
Bisbilhotices