43 anos de educação/escola..fazem lembrar os dinossauros.
Faz hoje (15 de dezembro) 43 anos que dei início à carreira de professor em Angola (descrição aqui) como professor cooperante ao abrigo dum acordo entre Portugal e Angola.
Hoje continuo como professor mas não com a mesma convicção da altura porque a profissão de professor sempre em constante mudança, das reformas introduzidas, com termos que se atropelam como sejam: objetivos gerais, objetivos especificos, metas curriculares, aprendizagens essenciais, perfis de saída da escolaridade obrigatória, flexibilidades curriculares, trabalhos de projeto, Dacs, critérios Maia, etc, etc... e toda a tralha dos decretos leis que abundam e se entroncam uns nos outros para confundir ainda mais, não deixam saudades a ninguém. Atualmente a passagem para os municipios é também na minha opinião um agravamento da situação.
Tempos idos era uma classe profissional que era ouvida e respeitada mas, há uma década para cá, os nossos governantes a excederem-se com excesso de legislação sobre a educação, a classe profissional (professor) foi perdendo autoridade e até o respeito.
As mudanças das reformas introduzidas na educação deram pouco sentido ao “ensinar” e o professor passou a ser visto mais como um cuidador de alunos / crianças. Dizem que os alunos aprendem com as novas tecnologias e o professor tal como era, acabou. Basta refletir na IA (Inteligência Artificial) para saber que segundo alguns estudos, muito brevemente isso acontecerá. Assim, os pais/encarregados de educação, a comunidade educativa, o meio onde a escola está inserida (município), também pressionam o sistema educativo nos curriculos e o que se ensina nada tem a ver com o que realmente devia ser ensinado.
O professor passou a ser um dos elos mais fracos da comunidade educativa. Pais, Associações, Municípios todos têm uma palavra a dizer sobre a escola. Quem parece estar a ficar fora das decisões sobre a escola são os professores. São grandes mudanças e na opinião de muitos são radicais, podendo não ser acompanhadas por uma classe já idosa que urge ser renovada.
Com 43 anos de serviço está na altura de deixar para os mais novos estas mudanças porque para a maioria da classe, eu incluído, custa a aceitar.
Com 65 e tal anos de idade e 43 de serviço, o que quero é ir-me embora (já pedi a aposentação) estando à espera da decisão do ministério, ou da cga para ser mais preciso.
Já chega de ser pau mandado numa classe que sempre foi ao sabor das correntes e principalmente dos fazedores de opinião que ditam o que se deve fazer/ensinar.
Recordo o que me disse uma aluna depois de saber a minha idade "Ó professor é mais velho que o meu avô". Chega! As novas correntes que vem não devem ser nada fáceis e vão fazer correr muita tinta tornando tudo muito mais difícil para quem fica.
Bisbilhotices